Há dias assim, especialmente quando começam a ficar mais quentes. É um momento, repetido quase à exaustão, multiplicado pela sua unidade e, por isso, redutível a si mesmo, em que as palavras dos outros, os seus gestos e a repetição dos movimentos que executam inconscientemente parecem uma espécie de ovo. Mas é um ovo especial, um não-ovo: vazio, oco, quase a antítese de si próprio enquanto elemento portador de qualquer que, à partida, o encheria e, por isso, o tornaria ovado.

Mas não há lá nada. Ou há, mas não vejo, e isto, repito, acontece sobretudo na altura em que os dias começam a ficar quentes.

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