É extraordinariamente preocupante a veleidade posta na aceitação das medidas drásticas e profundamente desumanas com que somos diariamente agraciados. Mais preocupante ainda é a forma como certas medidas são tomadas: mesmo que produzam efeitos no dia seguinte, são publicadas nas horas imediatamente anteriores numa espécie de jornal secreto, encriptado, indecifrável ao comum dos mortais - o obscuro diário da república.

Se não tomarmos medidas já (se não nos revoltarmos contra algo que não é, de todo, inevitável), tomá-las-emos mais tarde contra nós próprios, contra a nossa família, as pessoas que amamos, e quem, por assim dizer, decidiu tudo por nós ficará impune e, provavelmente, emigrará.

É preciso que queiramos perceber que grande parte dos nossos problemas pessoais derivam de problemas sociais que não foram criados por nós mas, outrossim, por quem achámos que poderia encontrar a solução para esses problemas. Assim não foi, assim continuará a não ser, e os culpados passámos a ser nós próprios - culpados por quem manda, que nos massacra, e culpados por continuarmos a deixar que mandem, e que nos massacrem.

Haverá forma de, de uma vez por todas, acordarmos deste coma induzido?

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