Uma das coisas mais difíceis de pormos em práctica enquanto aqui estamos é vivermos concentrados na procura do equilíbrio entre o que somos e o peso dos outros, sob a forma de como poderão disparar(-se) contra nós.

Seria tudo muito mais fácil se tivéssemos olhos nas costas, mas não temos. É que tudo - ou uma espécie de maior parte de tudo - do que de nós é dito acontece, neste sentido, muito antes de nós.

Em época medieval, a eficiência das conquistas militares era, em boa medida, avaliada pela forma como o inimigo era atingido. O número de vezes que era perfurado pela espada, pelas setas ou pelos estilhaços metálicos das explosões era conjugado com um outro factor muito mais importante: o sítio onde era aberto. O local de atravessamento destes objectos era determinante para calcular a quantidade de sangue perdida pelo inimigo, a paragem de órgãos vitais ou a possibilidade de voltar a sentir o corpo ou os pés ou as mãos e, consequentemente, de se levantar do chão.

Hoje, batalhas como estas são travadas todos os dias, a todas as horas. O inimigo continua a ser invisível porque se mostra, ao último momento, por trás. 

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